Bombeiro do Caminho no Senegal: “O que eu estou fazendo aqui?”
12 de janeiro de 2012
Postado por Unknown
Gente
boa de todos os lados!
Estou
no Senegal – África, desde o dia 04 de Janeiro, depois de viajar para chegar
aqui 24 horas de avião com uma ponte aérea na África do Sul.
Agora, imagine você, eu nunca havia saído
do Brasil. Eu não sou um homem inexperiente, mas era um doméstico e,
a cada hora da minha viagem, uma enormidade de coisas passavam
pela minha cabeça e houve momentos em que eu me perguntava "o que eu estou fazendo aqui?",
indo para um país cuja língua eu não falo e para ajudar gente que eu não
conheço.
O que eu estou fazendo aqui? − Essa
pergunta sempre me veio quando, nas enchentes no Brasil, eu
via as pessoas/vítimas ilhadas e eu e meus companheiros
atravessávamos, ancorados a uma corda, a correnteza para o outro lado acalmando
as vítimas e dizendo Gente, é o Corpo de Bombeiros, nós vamos tirar vocês daqui em
segurança! E aí
montávamos um monte de parafernálias nas quais acreditávamos e conhecíamos e
tirávamos todos de lá em segurança; mas, quando me voltava para a correnteza
barulhenta e violenta que se formara pelas águas, muitas vezes arrastando
tudo pela frente, eu me perguntava no coração "o que eu estou fazendo aqui?”
No
entanto, de tudo que me mobiliza ou me mobilizou não há nada mais poderoso em
mim do que um sentimento chamado GRATIDÃO.
Foi
a expressão do Joseph, meu anfitrião Togolês, radicado aqui no Senegal,
homem bom e piedoso. Outro dia, pela
manhã, ele me olhou depois de arrazoarmos sobre ajudar e não ajudar
e disse: as
pessoas não entendem porque eu ajudo tanto, porque não me canso e não reclamo
das dificuldades que aparecem, eles não sabem do onde eu vim e como meu coração
é grato, muito grato pelo que me foi concedido!−, falou em tom
forte e decido.
O
Joseph saiu fugido do Togo, outro país africano, depois de ter seu pai
morto por motivações políticas no seu país. Fugiu para não ser morto
também, foi para o porto da cidade e entrou na primeira embarcação que viu. Foi
achado aqui no Senegal por um taxista que o levou para sua casa em
um ambiente muçulmano. E foi ali sozinho e longe dos seus, lendo
livros em uma praça que alguém o apresentou a Cristo.
É
dele a expressão eles não sabem o quanto eu sou grato pelo que recebi. Quando ele me falou isso foi que
me lembrei das minhas mesmas motivações, nem precisaríamos ter vivido tudo
que vivemos, mas só o fato de vivermos − e vivermos hoje, nesse dia e aqui −,
já é um presente sem fim. Viver é uma grande dádiva e isso nos
movimenta. Gratidão por tudo e pela
vida.
Essa
é a tônica e esse é o sentimento que me invade hoje.
O
sentimento de gratidão me mobiliza a ajudar e, às vezes, em condições
adversas.
Esses
últimos dias não paramos. Apesar da pobreza, Dakar é uma metrópole africana com
todas as conjunturas de uma metrópole européia ou americana. Estamos nos
organizando para empreender um protótipo daquilo que queremos fazer com
500 crianças talibés e de rua. Tudo vai começar com um escritório básico
onde receberemos parceiros e as organizações, bem assim o governo federal do
Senegal para as tratativas pertinentes.
Como
disse, o que nos move a tanto é a gratidão de poder dar aquilo que um dia nos
deram de graça.
Venha
conosco, se você puder e quiser, pois iremos à frente e a nossa maior motivação
é ver os rostinhos alegres de pequeninos que poderemos ajudar por aqui.
A
nossa maior motivação é a gratidão e sua participação conosco pode
multiplicar isso mais rapidamente.
É
sempre loucura, mas é gratidão.
Grato
por participar desse momento.
Edmilson
Neto | Caminho
Senegal
Projeto Chamin Du Futur
Este artigo foi postado por Blog do Caminho em 12 de janeiro de 2012 às 19:00 e está arquivado em caminho nações,missão,senegal. Siga quaisquer respostas a este artigo através do RSS 2.0 feed. Você pode também deixar seu comentário aqui.
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