Autoengano é a mais sutil e dissimulada magia da alma!
9 de janeiro de 2012
Postado por Unknown
O QUE É
AUTOENGANO?
Se o conceito
clássico de Insanidade
é fazer sempre a mesma coisa aguardando um resultado diferente dos muitos
anteriormente alcançados [...] — então, Autoengano é fazer isto sem tal
consciência consentida; ou seja: sem os jogos da sorte, como com frequência acontece
com a Insanidade que faz a mesma coisa achando que terá resultados diferentes
apenas porque, conquanto a coisa seja a mesma, o tempo é outro...; ou seja:
tratando-se, nesse caso, de um novo jogo ou de uma nova sorte.
Autoengano,
portanto, é a deliberação
que nos faz fazer algo que, consciente ou inconscientemente, suspeitamos
que não alcance os objetivos desejados, mas que, pela nossa boa intenção,
desta vez, estabelecer-se-á diferente apenas porque cremos sinceramente
que será diferente.
Autoengano, por
tal razão, é uma deliberação da fé/crença; a qual crê que a boa intenção mudará
o resultado das coisas!
Desse modo,
podemos dizer que autoengano é um ato de fé/crença que assola o ser bem intencionado!...
Assim também
se pode dizer que autoengano é uma deliberação das boas intenções, como se a boa
vontade tivesse o poder de mudar o significado das coisas, independentemente
de que as coisas tenham mudado ou não...
Autoengano
não demanda a conversão da pessoa/sujeito de nossa esperança; ou do objeto do
vínculo por nós pretendido; ou mesmo dos fatos em si [...]; mas, supostamente,
depende apenas da nossa boa intenção!...
Os agentes
podem ser os mesmos, mas se as intenções por nós auto definidas forem outras,
nos parece [ilusoriamente] que houve uma mudança radical e objetiva das coisas
ou das condições em questão.
Dessa forma,
é o autoengano que nos faz crer que as mesmas coisas ou pessoas, sem alterações
constatadas pelo tempo/fato/história — porém reunidas em outro tempo e outras superficiais circunstâncias —,
automaticamente nos darão outro resultado [...]; diferente dos
anteriores.
Pela mesma
razão se pode dizer que autoengano é uma decisão mágica da alma boa; a
qual, contra toda lógica e sabedoria, acredita que a boa intenção tem o poder de alterar a realidade,
a nossa e a do outro; ou mesmo tem a capacidade de transformar as
circunstancias implicadas na e da mesma decisão antes malfadada.
Autoengano, desse
modo, é a mais sutil e dissimulada magia da alma!
Sim, das
almas boas; posto que somente as boas almas sofram de tal esperança sem o peso
da sabedoria. Ou seja: em tal caso, o autoengano é a deliberação da boa
intenção apaixonada, ou crente de si mesma como fenômeno de sinceridade
alteradora da realidade [...]; e isto contra os fatos e a sabedoria impostos
pelo tempo e pelas experiências acumuladas.
Por tal
constatação se pode dizer que autoengano é a deliberação da paixão ou do
capricho do ser amante do bem, mas que ignora a realidade do outro ou das
circunstâncias; ou seja: dos agentes coadjuvantes de sua esperança; o qual é...
[ou os quais são], de fato, perversos agentes de sua ex-perança.
Isto no caso de algo singular como um “ex/qualquer/coisa”; e que, portanto,
trate-se de um “ex” contra toda esperança que se fundamente em fatos, mas apenas
nas intenções
mágicas do desejo santificado pela boa vontade!
É em tal
engano que as almas boas caem todos os dias!
Sim, contra
toda a sabedoria, contra as advertências dos Provérbios da Vida, e contra todo
acumulo de entendimento! — lá se vão [...], aos milhares, santificando a
insensatez pelas boas intenções!
Daí o autoengano
ser tão sutil; posto que seja santificado pela boa intenção daquele que julga
que sozinho pode mudar uma realidade que implique em dois ou até em
muitos outros agentes envolvidos...
Todavia,
apesar do que já disse, devo acrescentar que o ser humano frequentemente
recorre ao autoengano como forma de auto-justificação, ou como alívio à
frustração, ou como consolação na carência afetiva ou sexual [todos no nível
quase total da inconsciência ou da quase total inadmissão consciente] —; isto,
é claro, nos casos vinculados a relações sem futuro de felicidade ou
comprovadamente inadequadas, mas que subliminarmente ainda se façam desejosas
pela alma.
No caso do autoengano como
elemento de auto-justificação, normalmente se percebe na alma uma forte
dose de direito que se sente sonegado. Geralmente é quando o coração não
foi de todo curado de algo pela total adesão dos sentimentos ou desejos às razões
da mente/consciente [...]; e, assim, a tal coisa, pessoa ou experiência [...]
em nós reaparece; e, para nós, se torna na nossa necessidade oculta de a ela
responder positivamente [...], como uma forma de vingança ambivalente do nosso
inconsciente — ainda que não se dê conta de tal sentir como forma
ambivalente de vingança. Nesse caso, é como se a decisão um dia assumida em
relação ao afastamento que decorreu da percepção de que tal coisa, pessoa ou
experiência não nos serviam [...], volta sobre nós, só que agora como raiva
existencial dissimulada, em razão de que não se tenha podido ter o que se
almejava como um dia se pretendeu. Então a alma corre o risco de ceder e
recorrer ao que já se tinha dado como equivoco [...], pela reação ambivalente e
inconsciente da vingança
em oposição à imposição da razão e dos fatos contra as imagens de um sonho que não se
realizou conforme os nossos sonhos. Assim, a auto-justificação é
aquela que afirma
o capricho vingativo do desejo contra a existência e sua implacabilidade,
da qual dela um dia nos confessamos convencidos, embora não de todo.
Quando se
abre espaço para o autoengano como forma inconsciente de alívio ante a frustração,
o mecanismo em operação não é vingativo, mas sim de profunda auto-piedade e auto-vitimização.
Não se trata de direito à vingança existencial contra a implacabilidade da
existência, mas sim de pena de si mesmo. Nesse caso, os mecanismos psicológicos
em operação são mais leves e sutis; posto que na auto-vitimização inobjetiva
[...] a alma apenas se adule como quem se embala em sua própria orfandade de
sonhos não concretizados.
Porém, quando
se recorre ao autoengano como expressão de carência afetiva e sexual,
as forças operantes na alma são fortemente pulsionais e, portanto, passionais
como cegueira de desejo [...]; o que faz com que o desejo seja em
si mesmo a razão de tudo; e, em tal caso, todos os mecanismos lógicos e todas
as razões cessam [...], dando-se assim espaço apenas à fome afetiva e ou sexual
como causa de si mesma; e ponto final.
Entretanto,
essas divisões são de natureza pedagógica, posto que por vezes os três fatores
se casem, um alimentando o outro; e, dessa forma, não sendo possível ao ente
auto-enganado, na hora de sua agonia, discernir o que lhe está a acontecer no
agitado mar das suas emoções e sentimentos. E, como já disse, tudo isto se
traveste de piedade ou bondade nos pretextos aos quais a alma se aferra a fim
de prosseguir no seu intento.
Por esta
razão, devo dizer que o autoengano é a mais piedosa forma de dissimulação inconsciente;
a
qual, em tempo de aviso [de terceiros], nunca é atendida [...]; e isto em razão de que para o bem intencionado tal “contraditório” lhe soe como uma heresia contra a boa intenção sentida como verdade e sinceridade inquestionáveis.
qual, em tempo de aviso [de terceiros], nunca é atendida [...]; e isto em razão de que para o bem intencionado tal “contraditório” lhe soe como uma heresia contra a boa intenção sentida como verdade e sinceridade inquestionáveis.
Assim, lutar
contra o autoengano de alguém é sempre como enfrentar esperanças [...] e descrer
da própria verdade instituída como desejo santificado pela boa intenção e pela
esperança bondosa do ser bom — e que deseja crer contra os fatos e a realidade.
Portanto, trata-se de uma batalha perdida!
Isso porque,
psicologicamente, o autoengano faz “edição inconsciente da realidade” [...], deixando
ficar na memória apenas aquilo que o “editor bem intencionado” da bondade [o
auto-enganado], arbitrariamente determine que sejam os fatos importantes e
essenciais da realidade a serem privilegiados para fins de adesão/edição [a
dele] da realidade —; e isto sem o peso do juízo e da culpa, como convém a ele
que seja.
E quem poderá
contraditar tal suposta “realidade” uma vez que ela se sacramente pela unção da
sinceridade auto-imposta?
É por esta
razão que o autoengano somente possa ser curado por um choque dolorido e dramático
de realidade; isto, ainda, se o auto-enganado se deixar conduzir minimante pela
sabedoria...
Do contrário,
mesmo em tais ocasiões, a relutância de sua boa intenção o fará sentir-se
traindo a si mesmo caso renuncie ao seu intento [...]; ou seja: negando a
bondade que ele
ou ela projetaram sobre o “sujeito/objeto” de seu bem intencionado engano/santificado.
ou ela projetaram sobre o “sujeito/objeto” de seu bem intencionado engano/santificado.
De coração
espero que, sem autoengano, você tenha me compreendido; pois, de mim mesmo, sei
que somente o Espírito Santo pode nos guiar a toda Verdade e vencer em nós o
autoengano!
O que aqui
escrevi [...] esclarece apenas aquele que não esteja em processo de autoengano;
pois sei que nada pode contra aquele que, pela unção das boas intenções, já tenha mergulhado nas
enganosas e ilusoriamente cristalinas águas do autoengano [...]; sejam quais
forem os seus pretextos de direito, piedade, bondade ou até de amor [...] aos
quais tenha recorrido a fim de dar prosseguimento à sua própria e dissimulada
vontade.
Nele, em Quem nunca houve
nenhuma vitória da bondade mágica contra a Realidade e a Verdade,
privilegiando qualquer autoengano,
privilegiando qualquer autoengano,
Caio
8 de janeiro
de 2012
Copacabana
RJ
Este artigo foi postado por Blog do Caminho em 9 de janeiro de 2012 às 11:43 e está arquivado em artigos,caio fábio,mensagem. Siga quaisquer respostas a este artigo através do RSS 2.0 feed. Você pode também deixar seu comentário aqui.
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