Que desgraçadamente linda e patética é a existência humana!
10 de janeiro de 2012
Postado por Unknown
EU SOU SIM E SOU NÃO; ASSIM E NÃO EU SOU NÃO SOU!...
Coisa muita estranha é esta de ser um homem divinamente caído e caidamente divino!
Sim, de carregar o finito e o infinito; de ser
mortal e eterno; de ser animal mamífero e um deus filho de Deus; de ser livre
para escolher e condicionado a tantas determinações que turvam a escolha; de
ter arbítrio e também de reagir à revelia do arbítrio; de ser santo na mesma
natureza pecadora e caída; de estar preso ao tempo/espaço e já poder transcendê-lo
até pelo pensar, pelo imaginar e pelo crer; de contar dias sabendo da
eternidade; de ter apegos mortais enquanto se celebra o eterno; de sentir
separações que sabemos não separam; de temer amar quando a vida que é [...], é
apenas amor; de adiar a morte quando é justamente ela que nos livra dela
própria; de temer a libertação daquilo que de fato liberta; de amedrontar-se do
que não pode matar; de esperar frustrado o que já se sabe que é; de relutar em
ter fé Naquele que teve fé em nós por nos ter feito de nada além do Seu próprio
desejo; de andar nas calçadas de poeira esquecido do Caminho; de buscar fora
[...] a Verdade que existe apenas dentro; de almejar a Vida como se ela não nos
habitasse; de invocar Deus acima e não no interior; de separar os semelhantes
sem enxergar a obviedade da nossa mesma semelhança; de nos impressionarmos
ainda com tudo o que não passa de miragem; de atribuirmos direito duradouro ao
que se desvanece; de sairmos para lutas que estão já acabadas; de nos abalarmos
com aquilo que já carrega o signo da falência; de confessarmos com gritos o que
na vida não cremos; de pregarmos em alaridos e não desejarmos viver nem mesmo
em silêncio; de pensarmos e não concluirmos que quase nada cabe no pensamento;
de habitarmos o finito do tempo/espaço e não nos darmos conta de que até em
seus limites nada vemos; de aceitarmos estatísticas e tergiversarmos ante a
sabedoria; de nos culparmos do que não provocamos; de não culparmo-nos pelo que
fizemos; de justificarmo-nos do que não requer nada além de consciência e mudança;
de aceitarmos que um conjunto de arrazoados tenha o suposto poder de salvar a
uns e condenar a outros; de confessarmos a inalcançabilidade de Deus e Lhe
defendermos os templos; de carregarmos em nós o pode do louvor e imaginarmos
que ele não acontece se não cantarmos; etc... — enfim, de sabendo tudo isto
acerca de nós mesmos, vivermos como se nada disso fosse o que de fato é!
Assim, não me é possível deixar de pensar que
a maior tragédia humana é o medo de crer, de ver, de saber, de aceitar os limites
e de acolher os não limites; de ser tão maravilhosamente divino em sua origem,
e tão desgraçadamente mamífero e animal em suas escolhas; de ser sobejamente
elevado e, ao mesmo tempo, tão aferrado ao que é mesquinho; de ser tão para
além das estrelas enquanto briga com tanta avidez pelos espaços feitos de pó!
Ah! Que
desgraçadamente linda e patética é a existência humana!
E que grande amor é esse que assim me ama?
Por isto, também digo:
Deus é amor porque sei que eu assim sou [...],
tão aquém de todo amor!
Sou [...],
logo sou; e não sou a origem do ser que sou; sou sem poder ser; sou porque sou
aceito em meu ser; por isto sendo quem e como sou, sei que Quem me fez só pode
ser Absoluto Amor!
E que grande loucura é esta, a de Deus, que
decidiu nos chamar Seus filhos?
Ora, sendo nós assim, tão sem nada
definidamente assim, como seríamos objeto de qualquer coisa que não
absolutamente e apenas o Sim da Graça?
Nele, que é Sim Assim Somente Sempre Amor,
Caio
9 de janeiro de 2012
Copacabana
RJ
Este artigo foi postado por Blog do Caminho em 10 de janeiro de 2012 às 17:52 e está arquivado em caio fábio,devocional,espiritualidade. Siga quaisquer respostas a este artigo através do RSS 2.0 feed. Você pode também deixar seu comentário aqui.
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