A tentação é o pão do capricho da alma!...
6 de janeiro de 2012
Postado por Unknown
A
TENTAÇÃO COMO O PÃO DO DESCONTENTAMENTO!
Nada é mais humano na nossa condição
humanamente caída do que a tentação. Sim, por isto ela aparece na oração na
qual Jesus nos ensina a pedir o pão, o perdão e tudo o mais que, positivamente,
seja associado à vida.
A tentação, todavia, é o pão do capricho, do
desejo e da necessidade; seja tal tentação real e objetiva — como o desejo do
faminto de roubar um pão! —; ou seja [ela] a invenção do capricho desejoso —
mesmo que ainda impotente na possibilidade da obtenção do pretendido! —; ou
seja [ela] a cobiça ungida pelo poder simples da obtenção do que se queira e se
possa.
Sim! A tentação é o pão do capricho da
alma!...
Jesus disse para orarmos, para mantermos a
mente acima do teste da tentação [...] pela via das ambições mais elevadas e
vinculadas à supremacia do reino de Deus em nós, da vontade de Deus encarnada
em nós e da santidade divina instalada em nós; pois, do contrário, a alma
anseia pela tentação com a mesma avidez com a qual Adão e Eva ansiaram pelo
fruto proibido, o qual, toda-via,
estava ao alcance da mão.
Somos
tentados pelo que vemos, ouvimos, sentimos, imaginamos, sabemos, podemos, e,
portanto, desejamos!
Jesus podia transformar pedras em pães. Podia
pular do Pináculo mesmo sem o amparo do Salmo 91. Podia ter sem Satanás todos
os reinos deste mundo. Podia não morrer na Cruz. Podia solicitar 12 legiões de
anjos que o defendessem. Podia casar e ter filhos. Podia mudar para Edessa e
viver vida longa. Podia provar com sinais que era o Messias. Sim, Ele podia, mas decidiu que não poderia; e isto porque a vontade de
Deus era outra.
Desse modo, o que Ele podia era o que não poderia, e, portanto, não deveria; pois, do contrario, teria tudo o que podia e nada do que
poderia!
A tentação se estabelece pela cobiça que
pode!...
Obviamente existe a tentação como sonho
cobiçoso do que se não pode [...] ainda; mas que [...], uma vez sonhado, coloca
o individuo na via obsessiva da busca do que, em tal caso, poderia ser; embora
não devesse ser.
Na realidade a tentação só existe para aquele
ser humano para quem Deus é! Pois, do contrário, trata-se apenas de algo que se
deve ou se não deve ser ou fazer [...], uma vez que se avaliem os prós e os
contras.
Jesus, entretanto, advertiu quanto ao estado de “entrar em tentação”, que é quando a mente fica possessa da fome do
pão do desejo cobiçoso ou da vontade soberana em relação ao que a Palavra diga
que não é vida segundo Deus.
Daí Jesus ter enfrentado a tentação sempre com
a Escritura ou meramente por amor à Palavra que Nele estava como código de
vida.
Toda
tentação acontece como uma tentativa de se comer do pão que está para além da
oferta da Palavra!
Assim, somos tentados em tudo o que não seja a
Palavra revelada; tanto quanto somos tentados em relação a tudo o que seja
cobiça caprichosa, ainda que nada esteja dito sobre aquilo.
Sim! A
tentação é a não satisfação com o pão simples de cada dia! É o surto do
descontentamento buscando uma razão contra o pão nosso de cada dia. É a entrega
ao desejo como direito contra a simplicidade de ser. É a lei do ego contra o
amor!
Paradoxalmente,
entretanto, a tentação faz parte de nossa humanidade caída. Sim, de todas as
formas e modos. Até mesmo quando estamos na empreitada do bem ela nos visita
como exagero de bondade, ou de amor, ou de virtude.
A tentação é
a clausula do ego contra a pureza do amor, da individualidade contente e do ser
satisfeito em Deus como nosso Deus e na vida como nossa vida!
Foi por esta
razão que eu disse que a tentação é o pão do capricho; é o alimento do
eu-em-si-mesmado; é o direito da raiva essencial contra a vida contente!
Para
vencê-la tem-se que crer na Palavra e em seu galardão; e mais: tem-se que ficar
quieto!
Tudo o que a tentação quer é movimento; é um
debate; é uma discussão contra a quietude; é um fórum de arrazoamentos!...
Sim! A tentação quer conversa; quer palestras
do eu consigo mesmo; quer encontrar jurisprudência nas histórias do capricho
humano; seja no nosso próprio ou no de outros.
Não adianta discutir com a tentação. Ela
vencerá! Quanto mais com ela se dialoga, mais poderosa e argumentativa ela se
torna.
Sim, pois as lógicas da tentação são
irrebatíveis. Por isto, e não por outra razão, Jesus apenas a rebatia dizendo “Está escrito”; posto que de outro modo
seria vencido pelos argumentos intrínsecos do desejo, da carência ou do poder
como capricho onipotente.
O que se descobre é que se cremos na Palavra e
em seu galardão de vida, e se nos calamos, e se não debatemos contra a
tentação... — ela começa a secar!
Lute contra a tentação, argumente com ela,
enfrente-a, e ela vencerá você. Entretanto, caso você seja objetivo, apenas
confessando sem argumentações a Palavra, e, após isto, ficando quieto, não tentando a tentação, não
buscando subjuga-la; logo se perceberá que ela dará lugar à paz que excede a todo
entendimento. Então, como aconteceu com Jesus, vêm os anjos e nos servem.
Todavia, tem-se que silenciar e esperar o pão dos anjos!
E saiba: o que disse tem a ver com tudo; e não
apenas com as tentações convencionais. Sim, pois além do que nos tenta sob o
signo das convenções, há o que nos tenta sob o signo do sagrado. Não importa.
Afinal, a tentação, seja qual seja a sua cara, seu resultado é um só: nossa
onipotência descontente é glorificada contra a simplicidade do pão de cada dia;
seja em que dimensão isso venha a buscar se impor contra a Palavra da Vida em
nós.
Nele, que foi tentado em todas as coisas à nossa
semelhança, mas sem pecado,
Caio
5 de janeiro de 2012
Copacabana
RJ
Este artigo foi postado por Blog do Caminho em 6 de janeiro de 2012 às 11:26 e está arquivado em caio fábio,mensagens. Siga quaisquer respostas a este artigo através do RSS 2.0 feed. Você pode também deixar seu comentário aqui.
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6 de janeiro de 2012 às 14:18
Maravilhosa reflexao, como sempre!
Valeu!