Diário de missão: 1º dia


Missão na Nigéria


QUATRO VOOS DEPOIS...

Gente amada,

Parece incrível, mas chegamos ao campo de batalha em solo nigeriano.

Partimos na noite do dia primeiro de 2010 para Madrid, chegamos lá pela manha apos um voo tranquilo pela IBERIA. Passamos dia 02 viajando de Madrid até o sul da Nigéria, atravessando a Argélia, o deserto do Saara, Níger, e por fim, pousamos no país mais populoso da África, colônia britânica até 1960 e transpassado por mais de oito guerras civis no pleito pelo poder local.

O Leonardo, do Caminho da Graça em Londres, nos fazia parar em tudo que era alfândega, imigração, policia e exercito. Não que ele o desejasse, mas a cara de árabe do Leo esta atrapalhando nossa vida... rsrs... Com rosto de muçulmano “piorado” pela barba, o Leo assusta todo mundo dentro e fora dos aviões...

Só não assusta os nigerianos. Sim, porque esses são grandes também, fortes e cara fechada, e só olham para nós quando olham para mim... Principalmente as crianças... digo a verdade, não tem branco aqui, e muito menos alguém tão tão branco quanto eu.

Já na grande cidade de Lagos, de onde partiu a maioria dos navios negreiros que vieram para o Brasil, chegamos alta madrugada e desmaiamos num hotel vizinho ao aeroporto por quase três profundas horas. Então, pegamos outro avião numa espécie de rodoviária do interior – bem interior do Brasil - , que cruzou o país todo até o Estado de Calabar, divisa com Camarões, onde então, o Lucky, um moço de Deus, que estuda psicologia e dedica a vida para salvar crianças estigmatizadas como ele mesmo o foi na infância, foi nos buscar com um carro da ONG inglesa e ainda trouxe consigo mais um taxi para carregar tudo até o Estado vizinho, Akwa Ibom, por uma rodovia “transamazônica” absolutamente sem lei, senão a da buzina e da propina policial em cada barricada montada a frente...

Todos nós trouxemos pouca bagagem pessoal, mas muito material literário, além de duas pranchas de surf para levarmos pais e crianças num ônibus locado rumo à praia, meia hora de onde estamos, onde o Jojó de Olivença vai ensinar as crianças a surfar... E eu sei que o Jojó ensina qualquer um a ficar de pé na prancha já no primeiro dia. Ele me ensinou, e incrivelmente, eu aprendi. Vamos fazer um grande piquenique na praia, pregar aos pais, lendo com eles o Novo Testamento e orando com todos, para expulsar o medo quase palpável no qual eles vivem, devido ao agravamento da superstição capitaneada pelo neo-pentecostalismo.

Bom, a viagem de carro demorou 3 horas e meia, e hoje, dia 03, finalmente estamos no chão das ocorrências. E as ocorrências são tão evidentes que o mundo só não vê porque não quer.

Assim que conseguirmos nova conexão, contaremos acerca desses primeiros dias.

Amanhã faremos uma reunião comunitária para planejar as reuniões de mobilização popular junto a igrejas e ONG’s locais.

Obrigado a todos por tudo, estamos cansados da viagem mais dinamizados pelo Espírito que nos trouxe.

Na mesma graça e comissão,

Marcelo Quintela
Akwa Ibom - NIG

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