OS DESIGREJADOS - Resposta a uma Entrevista

1) Como líder cristão com larga trajetória na chamada "igreja institucional" e já há cerca de 12 anos com o Caminho da Graça, que leitura o senhor faz do crescimento desse movimento de "desigrejados" no país - fenômeno que, além de envolver mais e mais pessoas, já é objeto de teses, dissertações e livros?

Resposta: 

Não tenho dúvidas quanto ao fato de que houve alguns fatores a contribuir pra o ocorrido, conforme eu vinha dizendo desde 1982.
Mas foi a Hipocrisia Moral e Relacional e a Teologia da Prosperidade, com tudo o que veio à reboca, os fatores que mais contribuíram para a presente evasão. Há outros fatores, mas estes são os mais importantes. Foi a humilhação do Evangelho o que causou tudo isto! A Palavra foi humilhada pela Imagem e pelo Capital. A Eternidade não tem mais galardão. O galardão é no Tempo. Sim, foi a morte da espiritualidade de Jesus que criou isto; e, digo: é somente o começo, à menos que todos se arrependam de sua apostasia.

2) Ao longo desses anos, o senhor viu reunirem-se ao seu redor milhares e milhares de pessoas que o procuravam para aconselhamento, expor insatisfações com as igrejas e as próprias vidas espirituais e muitas outras demandas. Isso aconteceu por volta de 2001 em diante, tempo em que o atual movimento de refluxo das igrejas, que perdem membros para movimentos e experiências eclesiásticas alternativas, apenas engatinhava. Na sua opinião, qual foi a importância daquele seu trabalho pela internet para o embasamento e mesmo o crescimento desse movimento?

Resposta: 

Ora, o que eu falei a vida toda, desde sempre, desde 1981 especialmente, se tornou um profecia que hoje está cumprida. Quem lembra, sabe. Todavia, foi de 2001 pra cá, especialmente agora pela www.vemevetv.com.br que o que iniciou claramente em 2001 está ganhando concreções e expressões de uma Crise de Ruptura. Sim, creio que os milhares que hoje concordam comigo não estavam aí nem desde de o início, como depois de 2001 vários que agora concordam, criticavam. Portanto, seria ridículo negar que nenhuma influência histórica foi mais forte neste aspecto. Porém, foi um fator reativo, não propositivo. Foi a Hipocrisia Moral e Relacional e a Teologia da Prosperidade, com tudo o que veio à reboca, os fatores que mais contribuíram para a presente evasão, como disse antes.

3) Em números aproximados, quantas pessoas o senhor estima que estão envolvidas em seu ministério virtual e também no Caminho?

Resposta:  

Pelo menos 3 milhões de pessoas estão envolvidas ou, no mínimo, alimentando-se do que temos produzido na Internet, e, daí pra frente, nos milhares de grupos espontâneos que estão surgindo em todos os lugares.

4) Como o senhor define sua espiritualidade hoje, em perspectiva, em relação ao que vivia antes, quando estava envolvido ministerialmente com a Igreja Presbiteriana do Brasil?

Resposta: 

Idêntica, apenas muito mais profunda, rija e radical na essência e no dizer. Quanto à Igreja Presbiteriana, como TODOS SABEM, nunca teve nenhum papel que me fosse inibidor ou coibidor. Eu jamais aceitaria. Quem me conhece, sabe.

5) O senhor acredita que é possível uma plena vivência espiritual e uma efetiva vida cristã por parte daquelas pessoas que abandonam a igreja e preferem uma experiência particular de fé?

Resposta:

O Caminho é Jesus. A Igreja Corpo é parte do Importância da Fé, não da Essência da Fé. Mas a "igreja" fenômeno histórico é apenas uma agremiação que pode ser boa ou má. Por isto a Igreja vencerá, mas milhões de "igrejas" sucumbirão. Quem é de Jesus é Igreja, mesmo quando não está na agremiação que se corrompeu. Todavia, todo aquele que é Igreja porque é de Jesus com consciência histórica do significado espiritual da mutualidade e da comunhão sincera de amor humano, nunca deixa de se congregar, posto que mesmo fora da agremiação/igreja, nunca deixam de buscar vínculos humanos de fé. Igreja são dois ou três reunidos em Seu Nome. O que mais é Igreja?

6) O senhor se considera um crítico do modelo eclesiástico convencional (ou apenas das lideranças)? Quais são, a seu ver, suas principais deficiências do formato “templo/culto/liderança/administração eclesiástica”?

Resposta:

Não sou crítico apenas do "modelo". O "modelo" é resultado do "conteúdo". Portanto, é a perversão do Evangelho puro e simples de Jesus que gera esse modelo anti-humano, anti-amor, anti-sinceridade, anti-verdade, anti-solidariadade, anti-cristo - no sentido de que é contra o espírito do Evangelho de Jesus.


O problema não é o Templo e nem o modo, mas o conteúdo da "mensagem". É aí que está a morte de tudo. Onde quer que haja Evangelho tudo fica à serviço dele. Mas até hoje não me entenderam. Quem sabe um dia...

7) O chamado fenômeno dos "desigrejados" tem crescido muito no Brasil. Além de comunidades e congregações cristãs de perfil mais alternativo, aumenta sem parar o número de grupos de crentes que, por afinidade etária, cultural ou outros interesses comuns - como aquela crítica à qual já nos referimos - preferem congregar apenas entre si, nas próprias casas ou em espaços que nada têm a ver com o modelo convencional de igreja. Esse crescimento é atestado pela quantidade de livros e teses sobre o assunto e pelos debates que têm provocado. Como o senhor enxerga o ganho de espaço por parte deste movimento e no que ele representa uma “ameaça” à hegemonia das igrejas convencionais?

Resposta: 

Os "desigrejados" que se reunem em pequenos grupos de amor são de fato os igrejados. Desigrejado, do ponto de vista do Evangelho, é esta massa levada pelo sistema perverso das instituições das franquias de "Deus", e que se tornaram piores para o Evangelho dos os demônios e o diabo. As "igrejas/agremiações" continuarão...

Sempre haverá público e necessidade pagã de um grande Templo. São as Pirâmides do Cristianismo. Entretanto, se ainda houver uma revolução do amor de Deus no mundo pela expressão explicita do povo/igreja, esta será através de milhões de pequenos grupos, de amor singelo, de pregação com a vida, e mediante a prática da existência de serviço humilde. Jesus disse: "Eu vos dei o exemplo". E mais: "Se vocês se amarem, o mundo crerá que fui enviado". O mais é escândalo contra a simplicidade do Evangelho e contra os ensinos e modos de Jesus, o Mestre e Senhor. Ora, como meu compromisso é com Ele, não tenho alma a doar a qualquer imitação.

8. No Caminho e também nas mídias sociais e virtuais onde o senhor atua ministerialmente, quais são as principais queixas e demandas de ex-membros de igrejas em termos de aconselhamento?

Resposta: 

Hipocrisia extrema, promiscuidade indizível, roubo explicito, velada apropriação indébita, abusos que vão do sexual ao psicológico, ameaças de morte via maldição e suspeição da "cobertura espiritual", total falta de expressões de bondade e altruísmo, e, portanto, completa entrega ao materialismo e ao estelionato. Além de tudo a maioria se queixa das Dinastias Eclesiásticas; ou seja: aos muitos "papados evangélicos". Ora, há muito mais. Mas essas são as queixas mais recorrentes!


Caio