A Graça não apenas é melhor que a vida. Sem a Graça não há vida.
23 de agosto de 2013
Postado por Marcello Cunha
Graça: proveniente do latim gratia;
tradução da palavra grega charis. Significado: graciosidade, benevolência,
favor ou bondade.
O apóstolo Paulo, em suas
cartas e discursos, usou o termo charis 133 vezes, e, em todas elas, sempre com
o significado de “favor livremente concedido”, especialmente para se referir ao
que Deus fez por nós em Jesus Cristo, bem como ao que ele faz em nós pelo seu
Espírito.
» O que se fala agora sobre Graça?
Para uns, ela é uma
“doutrina”. Para outros, uma “função divina”. Para alguns ela é “aquilo que nos
salva”. Há ainda aqueles para os quais ela é a “nossa chance de barganha” com
Deus. Para outros é um tema “legal”, bom, humano, generoso... E há a maioria
que fala na Graça como “sedução evangelizadora”. Para todos esses, a Graça não
serve para nada em suas vidas cotidianas, sendo apenas um “papo de crente”.
» Os que pensam na Graça como uma “doutrina”
não sabem que, ao torná-la qualquer coisa, mesmo uma “doutrina”, a convertem
numa espécie de Lei da Graça Escrita, a Lei Aristotélica de Moisés, visto que,
neste caso, ela não é nada para o ser além de uma definição intelectual. Um
ídolo da mente.
» Os que tratam a Graça como uma “função
divina” veem-na como algo que se pareça com um “órgão de Deus”, assemelhando-se
a uma espécie de fígado divino, ou seu pulmão, ou seu coração, ou seus rins...
Como se uma cirurgia estivesse tentando mostrar a constituição interna da
Anatomia Divina. Uma obra de exumação teológica do ser de Deus, como numa
necropsia: “Vejam: aqui temos seus atributos de Justi- ça, e, no exato oposto,
sua graça. Aqui do outro lado, pinçamos sua santidade, e logo acima estão os
olhos da sua onisciência!”.
» Os que pensam na Graça como uma “chance de
bar- ganha” com Deus veem-na como se fosse uma oportunidade para apresentar um
caso a um Rei. No en- tanto, nesse caso, a Graça é uma “oportunidade”. O resto,
porém, fica por conta da malandragem do crente-súdito quanto a aproveitar a
chance na “mesa de negociações do Rei” e apresentar uma proposta, fazer um
acordo ou um sacrifício. É o que Graça é para es- ses tais: a chance de
sentar-se à mesa de “negociações” com Deus. Ou seja, a Graça seria apenas uma
lobista com a prerrogativa de secretária de Deus, podendo definir quem consegue
o direito de se assentar na mesa das santas negociações.
» Para aqueles para quem a Graça é um tema
“legal”, bom, humano e generoso, ela é apenas um sentimento, uma escolha pelo
que é humana e politicamente correto entre os liberais da Terra. É um tema bom
para um livro, para um best-seller agradável de ler. É “sadio”, é mais
“humano”, é mais “cult”. Gera uma espécie de posicionamento cristão belo e
correto, porém pouco para além daí. Nesses casos, para ser “cult”, ela não pode
ser nem Loucura e nem Escândalo.
» Para quem a Graça é uma “sedução evangelizadora”,
ela é uma estratégia, é o que se deve dizer aos que “ainda estão fora da
igreja”, os quais ainda não foram presos pelas forças da Religião Cristã. Mas
logo depois que a pessoa é “laçada”, a Graça é esquecida, ou vira doutrina, ou
função divina, ou é aquilo que seduz o aflito ou garante a oportunidade da
barganha na mesa de negócios do Reino de Deus.
Quando comecei
a falar em
Graça explicitamente não como
doutrina, não como função divina, não como “oportunidade” de barganha, não como
um tema teológica e politicamente correto, e muito menos como “sedução
evangelizadora”, milhares estranharam... Isso há apenas três anos e meio.
Recebi milhares de cartas me
acusando de ser “liberal”, exagerado ou provocador; de estar desconstruindo
antigos esquemas teológicos ou de estar “autojustificando” meus pecados.
Acusam-me de estar expondo “conclusões recentes e circunstanciais”, talvez em
razão de que creiam que, nos últimos anos, eu tenha precisado mais da Graça de
Deus do que antes, ou, quem sabe, mais do que eles precisam.
Eu, todavia, insistia em que
ela não é doutrina, mas uma consciência espiritual, fruto do entendimento do
significado da Cruz, cuja realidade não foi uma invenção divina para “remediar”
a Queda ou uma espécie de remendo de pano novo em veste velha233. Antes de
tudo, a Graça equivale ao Conhecimento Experiencial de Deus. Uma Graça que é só
logorréia religiosa, enfeite de uma mensagem ou qualquer outra coisa que não
seja a experiência de Deus na vida, não é Graça!
A Graça gera o fruto da paz e
inicia o processo de transformação do ser; e, sobretudo, dá à pessoa a certe-
za da confiança, a qual é a demonstração mais palpável da Graça na experiência
humana em Deus. A Graça não apenas é melhor que a vida. Sem a Graça não há vida.
Caio.
Este artigo foi postado por Blog do Caminho em 23 de agosto de 2013 às 17:56 e está arquivado em caio fábio,Graça,vida. Siga quaisquer respostas a este artigo através do RSS 2.0 feed. Você pode também deixar seu comentário aqui.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Postar um comentário