Eu, o menino, o homem e nós!

Quando eu era menino sentia como menino, e, por isto, como menino, eu era o boy até poder virar Tarzan.

Quando eu era menino, pensava como menino, por isto olhar pelos buraquinhos de madeira da casa dos vizinhos pobres, para ver as moças das casas se banhando nuas, era o que o menino poderia fazer até que poder dar banhos nelas.

Quando eu era menino cria que apesar do Pelé [...] o Gérson era o melhor do mundo, até ver que o melhor do mundo é o de cada geração.

Quando eu era menino jovem as louras eram pra exibir, a morenas para degustar e as brancas normais e belas para passear, até que descobri que era tudo a mesma coisa...

Quando eu era menino Deus me amava e eu não sabia o porque. Até que entendi quando homem que quando menino eu tinha razão, pois não há sequer um porque e nem por quê a ser destinado a Deus. Salve menino!

Quando era menino não sabia que a salvação do homem estava no Menino e na criança.

Quando eu era menino eu queria ser logo homem. Quando homem lembrei do menino com gratidão. Então, bem devagar, esqueci o menino e me perdi nas florestas dos adultos sem alma e sem a religião do é, mas apenas a do que pode ser...

Há coisas de menino a serem “desistidas” e há coisas de menino nunca a serem desistidas.
Quando homem desisti de tudo de menino...

“Ah, por favor”, gritou minha alma, “tudo não!...”

E o olhar? E o sentir leve? E a fé simples? E a confiança? E a humildade de pedir ajuda? E rapidez no passar do choro ao riso? E a brincadeira séria como guerra e a guerra séria como uma brincadeira? E a desamargura? E o perdão simples como jogar bola?

Hoje, menino e homem se reconciliaram. Andam juntos. Conversam. Trocam. Se iluminam. Gargalham.

O menino se vê no homem!

O homem se admira que já estivesse pronto no menino!

Entre o homem e o menino... — Deus, pai, mãe, amigos, mulher, filhos, inimigos, tempo e tempo, dor e dor, fé e fé —; sim, entre o homem e o menino tudo o que coube entre o menino e o homem para o bem.

Eu menino me respeito. Eu homem tenho o maior carinho por aquele menino que se fez eu em mim em Cristo.

Nele,

Caio
4 de dezembro de 2012 – Manaus – AM