De: claudio nagaoka [mailto:claudionagaoka@hotmail.com]
Enviada em: terça-feira, 26 de abril de 2011 16:38
Para: Caio Fabio; chico@caiofabio.net; Marcelo Quintela
Assunto: Noticias do Japão


Querido Pastor, Caio Fabio!

Primeiramente, gostaria de te agradecer por tudo que tens feito por mim e por todo o povo de Deus espalhado pelo mundo, quem diria que Deus iria fazer isto de novo, te usar para proclamar o Evangelho de Jesus, cada vez com mais criatividade, ousadia e poder de maneira leve e tranquila, sem se esfolar todo pelo caminho. LOUVADO SEJA DEUS!!!

Depois daquele dia que conversamos no Papo de Graça, recebi muito emails do Brasil de pessoas querendo ajudar em oração e também financeiramente e até pessoas se dispondo a vir aqui ajudar, também tenho recebido vários telefonemas de pessoas que estão acompanhando o site e estão querendo congregar conosco, alguns já vieram e todos os domingos participam das nossas reuniões, tem até um ex-agnóstico que através do seu site e de suas mensagens se converteu e hoje tem uma fé inabalável em Deus, ele também se chama Caio. (Caio Coelho)


Também gostaria de agradecer a todos que me escreveram e que contribuíram e continuam contribuindo para que possamos ajudar os japoneses que foram vítimas do Terremoto e do Tsunami no Japão, e a todos que estão orando por nós.

No dia 12/04 um amigo meu, presidente de uma ONG, aqui na região me perguntou se eu não gostaria de ir para Miagui (um dos estados mais afetados pelo Tsunami), imediatamente eu falei que gostaria sim e já comecei a preparar para a viagem.

Saímos daqui na sexta feira 15/04, levei comigo o Nino (Adriano) aqui do Caminho no Japão (meu Timóteo), encontramos com mais 26 voluntários numa cidade vizinha e partimos às 19:00hs, fomos em um micro ônibus, um furgão e um caminhão frigorífico levando 350kg de carne e 240Kg de arroz pois a missão da ONG era fazer um Churrasco para 1.000 pessoas, muitas que estão no abrigo e outras que estão morando aos arredores. Levamos também mais de 1.000 litros de água, arroz , macarrão instantâneo, papel higiênico, fraldas etc.

A viagem foi tranquila, mas devido ao trânsito levamos 15 horas para chegar ao abrigo na cidade de Kesennuma, onde há 250 desabrigados. Foi uma correria, pois já era 10:30 e o almoço estava marcado para as 12:00hs, mas deu tudo certo às 13:30 já havíamos feito as 500 refeições. Neste dia, o Exército ficou encarregado de fazer o arroz. O líder da missão, ofereceu os produtos que tínhamos levado, mas eles não quiseram receber, alegando que já tinham o suficiente e que o recebimento de doações deveria ser feito em outro lugar.

Saímos dali e , fomos em direção a outro abrigo, mas no caminho resolvemos dar uma volta nas redondezas para ver como estava a situação, ficamos perplexos de ver o que tinha acontecido ali. Estar pessoalmente no local, onde só víamos aquelas imagens pela televisão, nos mostrou como nós somos tão pequenos e impotentes diante da Fúria das ondas do Mar, as fotos que tiramos vão mostrar a vocês um pouco do que sentimos ali.

Mas em meio aos escombros, voltando da praia (onde o cheiro de peixe podre era insuportável), encontramos uma senhora perto de sua casa e um amigo de dentro do ônibus perguntou se ela queria água.A resposta foi afirmativa, então paramos o ônibus e começamos a descarregar alguns galões de água, e foi então que os vizinhos começaram a aparecer, e de repente começamos a doar quase tudo o que tínhamos trazido ali mesmo na rua, como foi gostoso ver o rosto de alegria e surpresa dos Japoneses que não esperavam ganharem alimentos ali mesmo na rua (e de estrangeiros) sem nenhuma organização, muitos japoneses choraram e como sou chorão não consegui conter minhas lágrimas.

Fomos ao segundo abrigo, dormimos no ônibus, no dia seguinte acordamos bem cedo e já começamos a preparar o churrasco, neste abrigo tinha umas 80 pessoas. O pessoal foi bem mais receptivo, o exército não estava ali, precisamos fazer também o arroz mas as japonesas da cozinha nos ajudaram fazendo um pouco de arroz também. Neste dia fizemos 650 refeições que foram distribuídas ali e nas casas que ficam nas redondezas e também para os bombeiros que foram fazer limpeza no local.

Depois limpamos o local, arrumamos as coisas e fomos nos despedir dos japoneses que moram no abrigo, eles começaram a chorar, e ninguém de nós também conseguiu conter as lágrimas. A maioria das pessoas que estão nos abrigos são pessoas idosas, mas tinham também crianças e adultos, e olhar para aqueles destroços e imaginar o que eles viveram naquele dia nos deixa profundamente tristes. Fomos embora. Alguns adultos e umas crianças correram para ver, pela última, vez o nosso pequeno comboio  fazendo a curva e a última imagem deles foi nos dando tchau com um sorriso no rosto.Foi também muito emocionante.

Saímos de lá às 15:00hs de domingo e chegamos às 7:00hs da manhã de segunda, muitos dos voluntários ainda foram trabalhar neste dia, mas pude notar em todos a alegria de ajudar o próximo.

Voltei de lá com a certeza de que precisamos o quanto antes alugar uma casa e fazermos a nossa Base lá pois vi nos rostos deles (apesar da timidez natural do povo japonês) a carência pelos gestos de amor, de abraços, de ombro amigo, de incentivo para continuar vivendo, pois muitos perderam tudo ou quase tudo que tinham e principalmente ente queridos.

Hoje ainda há 250.000 pessoas em 19.000 abrigos.

Caio, nós vamos voltar lá pra ficar o tempo que Deus permitir, nos ajudem em oração e continuem pedindo para as pessoas que puderem nos ajudar financeiramente pois o custo de vida aqui no Japão é muito alto. Estou pensando em começar este projeto em etapas de 3 em 3 meses, já temos quase a quantia para os 3 primeiros meses, tenho também uma pessoa que está disposta a largar o emprego para ir para lá iniciar este trabalho.

Mas detalhes do projeto escreverei depois.

Obrigado Caio, Marcelo, Bráulio, Chico e todos que têm nos ajudado.

Os irmãos aqui do Caminho da Graça em Kakamigahara enviam um grande abraço a todos!

Deus os Abençõe!!!

Claudio Nagaoka