TEOLOGIA RELACIONAL: a inútil discussão acerca de Deus
17 de março de 2011
Postado por Unknown
Piedosas são sempre as tentativas humanas de pensar Deus sem vivê-Lo.
Sim! Quando a alma não quer a revelação e suas implicações de uma existência em fé e sem justiça-própria, entregando o ser sem para-quedas a Deus, o que surge é uma “teologia”.
Cada vez mais me perguntam o que acho da Teologia Relacional ou do Processo, as quais só não são a mesma coisa por uma diferenciação escolástica.
Ora, sem mencionar tais nomes em muito do que escrevo, entretanto deixo claro o que penso em todos os conteúdos deste site, os quais (os conteúdos) batem de frente-frente contra tais especulações.
Mas para aqueles que só entendem as coisas se elas tiverem nome e endereço, digo aqui o seguinte:
1. Que é loucura humana buscar entender como Deus é para além da revelação que Jesus fez e faz do Pai. Deus é Deus. E cabe ao homem amá-Lo conforme o que Dele se pode conhecer ou nos é revelado.
2. Que a especulação sobre a relação de Deus com a História Humana que não se fundamente na revelação que Jesus trás de Deus é tola, infantil, presunçosa e inútil.
3. Que tais especulações apenas desviam a atenção para algo que não se pode conhecer, em detrimento do que de Deus se pode conhecer.
4. Que Deus não é conhecido pelo intelecto, mas pela sensibilidade que tem no espírito humano seu chão e sua base. Assim, Deus se revela sem se explicar.
5. Que tanto o Calvinismo como também a Teologia Relacional são manifestações humanas equivocadas, ainda que sinceras, pois a Escritura é propositalmente contraditória e paradoxal aos sentidos humanos, posto que o que ela revela é divino, e não está ao alcance da especulação que busca sistematizar Deus.
6. Que se tem que viver com a humildade de quem ama Aquele que não pode ser compreendido, ao mesmo tempo em que se ponha em pratica tudo o que Dele se pode compreender; e que diz respeito ao homem e sua relação com Deus pela fé, e com a vida pelo amor.
7. Que a Teologia Relacional que as Escrituras ensinam nada tem a ver com o modo de Deus ser em relação ao homem para além do revelado, como quem busca entender os caminhos de Deus que são mais altos que os nossos caminhos. A Teologia Relacional que as Escrituras ensinam é justamente aquela que é evitada pelos teólogos na busca de entenderem o que não nos é possível — que é a relação do homem com Deus pela fé.
8. Que tal discussão não passa de sexo dos anjos, posto que dissimula o que é revelado; ou seja: que os homens se relacionem uns com os outros, com Deus, com a vida. Ora, a dissimulação é pensarem que estão muito ocupados pensando Deus.
9. Que Jesus acharia (pela manifestação que o Evangelho nos trás Dele) tudo isso uma grande tolice do tipo da dos escribas dos saduceus — que não criam na revelação em sua simplicidade, e, assim, criaram uma teologia na qual as ações dos homens e as de Deus se tornavam a mesma coisa.
10. Que a única Teologia Relacional que pode ser intelectualmente levada a sério é aquela que diz respeito ao homem com o homem; e ao homem com Deus, conforme João nos ensina em sua epístola de modo tão claro e obvio.
Assim, sem citar nomes, autores ou supostos pensadores, digo:
Não levo à sério quem pensa assim, pois, quem pensa, assim não pensa, posto que pelo seu próprio pensar (se pensa de fato), vê que não é possível “pensar Deus”, pois Deus está acima do próprio pensamento.
Ora, se assim não fosse dir-se-ia que o homem, o justo, seria justificado pelo seu pensar!
O mundo está estrebuchando. Mas há pessoas dedicadas a fazer fimose de Deus, ao invés de simplesmente viverem o Evangelho conforme a simplicidade de Jesus.
Toda tentativa de pensar Deus para entendê-Lo, não apenas é tola, mas, sobretudo, é diabólica, pois, tira a energia humana do foco simples do Evangelho, e leva a pessoa para um ambiente virtual de uma piedade de sarcófago, posto que nada mais faz do que a exumação do único “Deus” passível de ser objeto de tal coisa — o “Deus da teologia”.
Digo isso não porque não pense. Sei que se começasse a especular sobre “Deus” eu seria muito bom nisto, pois, imaginação não me falta, muito menos capacidade de pensar com todas as implicações filosóficas de tal “viagem”.
Minha recusa quanto a tais coisas, portanto, não me acomete como sentimento de limitação no pensar até onde pensar seja possível, mas exclusivamente em razão de duas coisas: do temor de Deus conforme a consciência que tenho acerca Dele, assim como em razão da certeza total de que tais exercícios apenas exercitam a vaidade, mas não têm poder algum quanto a levar a vida à verdadeira experiência de Deus como conhecimento profundo e como piedade aplicável a esta existência.
O site, todavia, contém textos e textos que explicam em detalhes a vaidade de tais especulações!
Chega de Disneylândia teológica.
O buraco é infinitamente acima de nossas cabeças!
Assim, para os devotos da especulação que só interessa ao desinteresse pelo que de fato importa e interessa — eis a Palavra do Evangelho:
Disse-lhe Filipe:
Senhor mostra-nos o Pai, isso nos basta.
Disse-lhe Jesus:
Estou há tanto tempo convosco, e não me tendes conhecido, Filipe? Quem me vê a mim vê o Pai; e como dizes tu: Mostra-nos o Pai? Não crês que eu estou no Pai, e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo não as digo de mim mesmo, mas o Pai, que está em mim, faz as suas obras. Crede-me que estou no Pai, e que o Pai em mim; crede-me ao menos por causa das mesmas obras. Em verdade vos digo que aquele que crê em mim também fará as obras que eu faço, e as fará maiores do que estas, porque eu vou para meu Pai. E tudo quanto pedirdes em meu nome eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. Se pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei. Se me amais, guardai os meus mandamentos.
Assim, a Teologia Relacional de Jesus não diz como Deus é, mas Quem Deus é. Desse modo apenas diz para se ver o Pai no Filho revelado e encarnado. Diz que tudo tem a ver com crer ou não crer. Diz que o que está disponível aos nossos sentidos são obras divinas a serem vistas e discernidas pela fé na revelação. Diz que tal relacionalidade é com Deus, e que ela se manifesta mediante a obediência e o amor. E conclui afirmando que a especulação sobre o Pai é tolice, pois o que do Pai se pode conhecer está revelado em Jesus.
Desse modo a questão de Jesus ecoa outra vez:
Estou há tanto tempo convosco, e não me tendes conhecido?
Nele, que jamais se ocuparia com tais coisas, como de fato, tendo todas as chances, não o fez,
Caio
Ps: Se pelo menos os teólogos entendessem um pouquinho acerca de física quântica, saberiam quão tola tal discussão é em sua busca de discutir a atemporal soberania de Deus e a temporal e relativa liberdade humana. Sem um mínimo de consciência sobre o significado físico do tempo, não se tem nem como entender que não se pode entender a eternidade. Sim! Porque já que não crêem, poderiam pelo menos ir além das categorias medievais de nossas teologias a fim de pensarem de modo a fazer sentido com o que pensar significa.
Escrito em 2007
Este artigo foi postado por Blog do Caminho em 17 de março de 2011 às 17:19 e está arquivado em religião,teologia. Siga quaisquer respostas a este artigo através do RSS 2.0 feed. Você pode também deixar seu comentário aqui.
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3 de abril de 2011 às 13:43
Acho possível se racinalizar aquilo que se sente no íntimo de si mesmo, nunca sentir no íntimo aquilo que se racionaliza. Logo, quem matou a sua sede ao beber um copo com água, sabe, não precisa crer... Deus é uma experiência íntima que transcende aos conceitos teológicos humanos. Felipe, racionalizou o que viu e ouviu, porém nunca sentiu... Que lacuna!
Alfredo Bião
3 de abril de 2011 às 14:04
Caio,
Um mestre taoísta definiu o seu parecer aí a cima dessa forma:
O Insondável que se pode sondar
Não é o verdadeiro Insondável.
O Inconcebível que se pode conceber
Não indica o Inconcebível.
No Inominável está a orígem de tudo.
O que é Nominável constitui a mãe de todos os seres.
O Ser indigita a Fonte Incognoscível.
O Existir nos leva pelos canais cognoscíveis.
Ser e Existir são a Realidade total.
A diferença entre eles está no nome.
Mistério é o fundo da Sua unidade.
Eis em que consiste a sabedoria suprema.
Lao-Tzü