Cresce o número de evangélicos sem ligação com igrejas
15 de agosto de 2011
Postado por Unknown
Cresce o número de evangélicos sem ligação com igrejas
Antônio Gois e Hélio Schwartsman, na Folha de S.Paulo
Antônio Gois e Hélio Schwartsman, na Folha de S.Paulo
Pesquisa mostra que, entre 2003 e 2009, fatia de fiéis
que dizem não ter vínculo institucional saltou de 4% para 14%.
Verônica de Oliveira, 31, foi batizada católica e vai à
missa aos domingos. No entanto, moradora do morro Santa Marta, no Rio, é vista
com frequência também nos cultos das igrejas evangélicas Deus é Amor e Nova
Vida.
Quando questionada sobre sua filiação, dispara: "Nem
eu sei explicar direito. Acho que Deus é um só".
Em cada igreja, ela gosta de uma característica. Na
Católica, são os folhetos distribuídos na missa. Na Deus é Amor, "um
pastor que fala uma língua meio doida". Na Nova Vida, aprecia o fato de lerem bastante a Bíblia.
Mais do que trair hesitações teológicas, casos como o de Verônica, de
"religiosos genéricos", que não se prendem a uma denominação, crescem
nas estatísticas.
Um bom indício do fenômeno surge nos dados sobre religião
da POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares), do IBGE, que pesquisou o tema em
2003 e 2009. No período, só entre evangélicos, a fatia dos que se disseram sem
vínculo institucional foi de 4% para 14% -um salto de mais de 4 milhões de
pessoas.
Entram nesse balaio, além de multievangélicos como
Verônica, pessoas que não se sentem ligadas a nenhuma igreja específica, mas
não deixaram de considerar-se evangélicos, em processo análogo ao dos chamados
"católicos não praticantes".
A intensidade exata do fenômeno só será conhecida quando
saírem dados de religião do Censo de 2010.
No entanto, para especialistas consultados pela Folha, a
pesquisa, feita a partir de amostra de 56 mil entrevistas, é suficiente para
dar boas pistas do movimento.
O pesquisador Ricardo Mariano, da PUC-RS, reconhece que
vem ocorrendo aumento de protestantes e pentecostais sem vínculos
institucionais, ainda que ele tenha dúvidas se o crescimento foi mesmo tão
intenso quanto o revelado pelo IBGE.
INDIVIDUALISMO
Para ele, a desinstitucionalização é resultado do
individualismo e da busca de autonomia diante de instituições que defendem
valores extemporâneos e exigem elevados custos de seus filiados.
De acordo com o professor, parte dos evangélicos adota o
"Believing without belonging" (crer sem pertencer), expressão cunhada
pela socióloga britânica Grace Davie sobre o esvaziamento das igrejas ao mesmo
tempo em que se mantêm as crenças religiosas na Europa Ocidental.
Para a antropóloga Regina Novaes, uma pergunta que a
pesquisa levanta é se este "evangélico genérico" tem semelhanças com
o católico não praticante. Para ela, "ambos usufruem de rituais e serviços
religiosos mas se sentem livres para ir e vir".
Diana Lima, do Instituto de Estudos Sociais e Políticos,
levanta outra hipótese: "Minha suspeita é que as distinções
denominacionais talvez não façam para a população o mesmo sentido que fazem
para religiosos e cientistas sociais. Tendo um Jesus Cristo ali para iluminar o
ambiente, está tudo certo".
Os dados do IBGE também confirmam tendências registradas
na década passada, como a queda da proporção de católicos e protestantes
históricos e alta dos sem religião e neopentecostais.
No caso dos sem religião, eles foram de 5,1% da população
para 6,7%. Embora a categoria seja em geral identificada com ateus e
agnósticos, pode incluir quem migra de uma fé para outra ou criou seu próprio
"blend" de crenças -o que reforça a tese da desinstitucionalização.
Para o demógrafo José Eustáquio Diniz Alves, do IBGE, o
que está ocorrendo é um processo de democratização religiosa, "com todos
os problemas da democracia".
O maior perdedor é a Igreja Católica, que ficou sem seu
monopólio. Segundo Alves, ela vai ceder mais terreno, porque os católicos se
concentram nas parcelas de menor dinamismo demográfico.
Já os evangélicos ainda vão crescer muito, garante o
demógrafo, pois ganham entre as parcelas da população que têm maior
fecundidade.
Outro dado interessante da POF é que aumentou o número
dos que declararam uma religião não identificada pelos pesquisadores, o que
indica que na década passada mais igrejas surgiram e passaram a disputar o
"supermercado da fé", na expressão depreciativa utilizada pelo papa
Bento 16.
Por ser amplo, o levantamento permite também identificar,
denominação por denominação, o tamanho de cada igreja.
A Igreja Universal do Reino de Deus, por exemplo,
registrou queda de 24% no número de fiéis. O recuo pode estar relacionado com a
criação de igrejas dissidentes.
Ao analisar os números, porém, os pesquisadores
consultados dizem que é preciso esperar o Censo para confirmar esse movimento.
Este artigo foi postado por Blog do Caminho em 15 de agosto de 2011 às 13:17 e está arquivado em igreja evangélica,religião. Siga quaisquer respostas a este artigo através do RSS 2.0 feed. Você pode também deixar seu comentário aqui.
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18 de agosto de 2011 às 11:20
pensei que estava ficando louca mais agora estou vendo eu ser curada de minhas angustia vivida em igrejas.
25 de agosto de 2011 às 18:15
Minha família faz parte desse grupo que adota o "Believing without belonging" (crer sem pertencer). Isso por não acreditar, confiar nos homens que estão a frente dessas instituições.Principalmente, as que pregam a "teo"logia da prosperidade...
26 de agosto de 2011 às 17:27
Dizemos que somos: evangélicos (com suas variantes), católicos ( com suas variantes ), espíritas ( com suas variantes )entre outros.
Ora cadê os Cristãos? Será que ainda somos Cristãos, ou somos adeptos a doutrinas teológicas e ou espiritualistas?