Não é possível conhecer a Deus em um vínculo de confiança sem iluminação da Graça.

Na Natureza... em toda a sua grandeza e maravilha... se pode conhecer — pelas impressões causadas pela beleza, pela harmonia, pela complexidade simples, pelo estranho testemunho do Existir das coisas — a certeza de que Deus é impossivelmente necessário ao sentido do Universo.

Porém, pela Natureza, chega-se apenas ao “crer em Deus” como Algo, não como Alguém que é Amor.

A Natureza dá testemunho esmagador de Deus como Necessidade ao Sentido do Existir. Mas dificilmente alguém vai além disso...

Por isto as crenças em Deus que não vêm da Revelação de Deus sobre Si mesmo não passam do Fato/Fator/Deus.

Sim, pois como aos sentidos humanos a Natureza parece ser Impessoal, o máximo que se depreende de tal encontro com Deus na Natureza leva a mente humana ao mais puro budismo, mas não cria a consciência de que Deus é Pessoa, é amor.


Como diz Paulo em Romanos 1 [...] a Natureza tem o poder de acabar com a idolatria de si mesma quando se a percebe como criação divina. No entanto, tal percepção não enternece ninguém, sem uma revelação adicional e pessoal, ao ponto de conduzir alguém a um vinculo com o Alguém/Amor.

Daí a revelação de Deus aos Hebreus ter sido tão especial e divina. Sim, pois onde quer que a divindade seja uma pessoa, em geral surge o politeísmo como decorrência da pessoalidade do divino.

Um só Deus e que seja também Pessoa absolutamente Única e Amorosa em Verdade e Justiça Misericordiosa e Imparcial, somente nos alcança se algo para além de nós mesmos se manifestar.

Do contrario, na ideia da divindade pessoal surge a pluralidade que decorre da projeção das nossas pessoalidades, e, assim, Deus se torna deuses...

Sem a revelação de Deus sobre Si mesmo, toda ideia humana sobre um deus/pessoa conduz invariavelmente à idolatria das pessoalidades tão múltiplas quanto as nossas projeções dos humanos, surgindo assim os deuses de projeções de pessoalidades.

Daí tais deuses serem sempre iguais a nós, carregando nossas ambiguidades e ambivalências...

Quando chegamos a Jesus — Eu e o Pai somos um — temos algo tão para além da compreensão..., que não nos é possível compreender por meios próprios. Sim, por todas as razões DEUS EM CRISTO é um absurdo, mas, sobretudo, pelo fato que Esse que Encarna Deus, Ama com uma paixão sem romance; ama em espírito, a tal ponto que Nietzsche disse ter lido os Evangelhos e não ter encontrado alma humana em Jesus, posto que buscasse também a projeção do humano, conforme ele, Nietzsche, entendia o homem a partir de si mesmo...; e, por tal olhar, ele não encontrou em Jesus o que julgasse que seria uma alma, ou seja: a passionalidade e a parcialidade do amor conforme nos humanos.

Entretanto, até mesmo olhando para o Jesus da História, não se encontra Deus, mas a beleza do Homem, do Filho do Homem.

É a revelação direta do próprio Deus ao coração humano, de modo a não ser explicado, o que pode trazer-nos ao entendimento que transcende as lógicas, e, assim, gerar a certeza de que Deus estava em Cristo.

Sim, somente assim Jesus vai além do Filho do Homem e chega a ser para o homem o Filho de Deus, na perspectiva de que o Pai e o Filho são Um.

Entretanto, crer no Filho do Homem, segundo Jesus, põe aquele que assim veja a Jesus [...] no Caminho de abraçar o amor de Deus no amor que devote aos humanos, e que fará aquele que assim haja na vida um dia ouvir: “Entre, bendito do meu Pai, pois tive fome e me deste de comer”...

Nesse caso, a imanência de Deus no Filho do Homem leva o homem a transcender na pratica da imanência do amor do homem pelo homem, na vida.

Quando, porém, se discerne Deus em Cristo, se transcende num nível de consciência e deliberação lúcida que gera intimidade relacional com Deus.

Assim, sem humanidade de Encarnação, é impossível aos humanos discernirem qualquer coisa do amor de Deus na perspectiva de que Deus é Amor.

Sim, pois mesmo na Antiga Aliança, a ênfase não era no amor de Deus, mas sim na Sua Justiça e Verdade.

É em Cristo Jesus que Deus é Amor, e tudo mais decorre desse Amor!

É também no mistério da fusão de Deus no Filho do Homem e no Filho de Deus, que Deus é amor para nós, e sem lugar para a idolatria, por mais próximo do humano que tal fato faça Deus se tornar.

É a revelação da Absoluta Singularidade de Jesus o que acaba com a idolatria.

Pense nisto!

Caio
4 de agosto de 2012
Lago Norte
Brasília, DF