1. A mentira-mentira é o engano em si, só sendo aproximadamente projetável em plenitude-simbólica na figura de Satanás. A verdade é, todavia, que nem Satanás conhece totalmente o próprio engano, pois até mesmo para se ser o Enganador é preciso que tenha havido nesse ser um mínimo de auto-engano inicial que veio, posteriormente, a tornar-se engano consciente e assumido como finalidade dessa malévola existência pessoal. A verdade sobre a mentira é a seguinte: somente Deus conhece o que é o engano! Nenhuma de suas criaturas chegou até ao abismo do Abismo. Há um limite para as criaturas até no abismo. E o limite do Abismo é o abismo do Mistério de Deus, que nenhuma de Suas criaturas jamais conheceu ou conhecerá em plenitude. Conhecer a Deus é o orgasmo infinito do ser!

2. A
mentira-verdade é a mentira maquiada de realidades da vida, aplicadas fora do contexto, o que acontece todos os dias nas mínimas coisas do nosso cotidiano e aparece, insistentemente, de vez em quando, até mesmo no modo como nos defendemos, escudando-nos à sombra de correções exteriores que encobrem nossas verdades negativas. Então adoecemos na alma, pois, quanto mais moralmente cristão é o consciente humano, mais tragicamente pagão torna-se o seu inconsciente.

3. A
verdade-mentira é a manipulação da verdade. Todo uso da verdade a corrompe, tira dela a verdade-de-ser, pois ela já vem carregada com as finalidades e utilidades que a ela atribuímos, de acordo com as conveniências do momento. É a verdade para o consumo, é produto da arte de falar de Deus e da vida no palco das falsas impressões.

4. A
verdade-verdade é aquela que só é possível se a procedência for a boca de Deus. Somente Deus conhece a verdade-verdade. É por isso que joio e trigo crescem juntos na Terra e não nos é possível distinguir um do outro com certeza. E toda tentativa de o fazer é mais danosa (joio é erva daninha) que a existência do joio em si mesmo.



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